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Li\u00e7\u00f5es dos l\u00edderes em dados na pandemia.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo de 2020 \u2014 apesar da pandemia, ou talvez at\u00e9 mesmo por causa dela, em certa medida \u2014, pudemos ver uma movimenta\u00e7\u00e3o intensa do mercado no que diz respeito a dados. Empresas l\u00edderes em seus segmentos seguiram investindo pesado nessa seara, a despeito do enxugamento generalizado de verbas por conta das restri\u00e7\u00f5es e incertezas da Covid-19. E se tem uma coisa que eu aprendi em todos esses anos lidando com dados, tecnologia e comunica\u00e7\u00e3o \u00e9: quando as grandes se movem, \u00e9 prudente ficar de olho. Seja para ter uma vis\u00e3o mais clara do caminho \u201csobre os ombros de gigantes\u201d, seja para, pelo menos, evitar ser \u201cpisoteado\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Ainda em janeiro do ano passado, antes da pandemia, o tom j\u00e1 estava dado, com a not\u00edcia de que o iFood havia comprado a Hekima<\/a>, startup dedicada a intelig\u00eancia artificial, ci\u00eancia de dados e big data sediada em Belo Horizonte. Na pr\u00e1tica, foi uma acqui-hiring<\/a> (aquisi\u00e7\u00e3o de talentos) que somou os mais de 100 profissionais especializados da empresa mineira aos quadros do iFood, consolidando o time como o maior da Am\u00e9rica Latina em intelig\u00eancia artificial no segmento em que atua.<\/p>\n\n\n\n

Poderia ter parado por a\u00ed, depois que o mundo virou de ponta-cabe\u00e7a em meados de mar\u00e7o. Mas, em junho, um estudo global da IFS Industries<\/a> apontou que 70% das empresas planejavam manter ou at\u00e9 mesmo aumentar os investimentos em transforma\u00e7\u00e3o digital. Ali\u00e1s, ainda segundo a pesquisa, as pessoas preocupadas justamente com a disrup\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica eram 20% mais propensas a aumentar os gastos com transforma\u00e7\u00e3o digital.<\/p>\n\n\n\n

Em agosto, aqui no Brasil, a Magazine Luiza comprou a InLoco Media e o Canaltech<\/a>, entrando de vez no universo da publicidade digital com \u00eanfase nas capacidades de segmenta\u00e7\u00e3o. Simultaneamente, l\u00e1 fora a SugarCRM adquiriu a Node<\/a>, startup focada em intelig\u00eancia artificial aplicada \u00e0 experi\u00eancia do consumidor. Em outubro, foi a vez da Twilio, plataforma de comunica\u00e7\u00e3o em nuvem, arrematar a Segment<\/a>, especializada em customer data, por 3,2 bilh\u00f5es de d\u00f3lares. \u00c0 essa altura j\u00e1 deu pra entender meu argumento, certo?<\/p>\n\n\n\n

Quem acreditou que o coronav\u00edrus aceleraria ainda mais essa for\u00e7a aparentemente impar\u00e1vel do progresso pela via dos dados acertou na mosca.<\/p>\n\n\n\n

O residual b\u00e1sico aqui \u00e9: dados fazem a diferen\u00e7a, caso algu\u00e9m ainda tenha alguma d\u00favida. Saindo do arroz com feij\u00e3o, \u00e9 preciso entender que ser uma empresa orientada por dados j\u00e1 n\u00e3o parece mais suficiente. Mudamos de fase. Hoje, \u00e9 preciso ser capaz de realmente promover a transforma\u00e7\u00e3o de uma empresa por meio da ci\u00eancia de dados, independentemente da \u00e1rea de atua\u00e7\u00e3o. E isso fica evidente em momentos de crise, como este que atravessamos.<\/p>\n\n\n\n

Mais do que apenas contar com informa\u00e7\u00f5es s\u00f3lidas para apontar caminhos sem precisar confiar apenas na intui\u00e7\u00e3o e na experi\u00eancia \u2014 o que j\u00e1 \u00e9 bastante para muitos, mas tamb\u00e9m o m\u00ednimo que se espera de um projeto s\u00e9rio nesse sentido \u2014, adquirir e analisar dados novos e aqueles j\u00e1 existentes dentro de casa traz uma s\u00e9rie de possibilidades. Entre elas: entender melhor seus clientes, aumentar a produtividade e otimizar as opera\u00e7\u00f5es (o famoso \u201cfazer mais com menos\u201d), mas tamb\u00e9m revelar novas percep\u00e7\u00f5es sobre as tend\u00eancias do mercado e descobrir novas fontes de faturamento (como novos produtos e servi\u00e7os).<\/p>\n\n\n\n

Todos caminhos extremamente valiosos para qualquer empresa, em tempos de tempestade ou bonan\u00e7a.
Mas, se quisermos aprender algo com o exemplo das grandes empresas e suas aquisi\u00e7\u00f5es milion\u00e1rias ou at\u00e9 bilion\u00e1rias \u2014 com a vantagem de n\u00e3o ter que gastar nem pr\u00f3ximo disso \u2014 temos que perceber que elas est\u00e3o na frente justamente porque, mesmo j\u00e1 renomadas no mercado pelo uso de dados, elas n\u00e3o param nunca de investir em novos processos, ferramentas, equipes internas e at\u00e9 mesmo, como vimos, na compra de empresas especializadas.<\/p>\n\n\n\n

Esse movimento do mercado \u00e9 a resposta para pelo menos dois anseios muito atuais. O primeiro \u00e9 o de refor\u00e7ar estruturas e processos relacionados a dados que muitas vezes j\u00e1 existem dentro das empresas, ou ainda iniciar ou catalisar a transforma\u00e7\u00e3o digital\/transforma\u00e7\u00e3o por meio dos dados. Algumas fazem isso mirando em savings \u2014 log\u00edstica, supply chain, produ\u00e7\u00e3o, fabrica\u00e7\u00e3o, aumento de margem nos produtos etc. J\u00e1 outras pensam no aumento de faturamento \/ experi\u00eancia do cliente, modelagens de propens\u00e3o, predi\u00e7\u00e3o, prescri\u00e7\u00e3o, similaridades e por a\u00ed vai.<\/p>\n\n\n\n

O segundo ponto \u2014 que, pra mim, \u00e9 o que mais nos informa sobre a postura vision\u00e1ria das grandes marcas \u2014 diz respeito \u00e0 inova\u00e7\u00e3o. E n\u00e3o estou largando uma buzzword algo datada aqui pra voc\u00ea se virar, n\u00e3o. Falo de inova\u00e7\u00e3o no sentido de enxergar quando os dados apontam oportunidades fora da zona de conforto de uma empresa. Novos setores de neg\u00f3cio, novas fontes de renda e at\u00e9 mesmo uma guinada completa na dire\u00e7\u00e3o de um empreendimento.<\/p>\n\n\n\n